terça-feira, 30 de março de 2010

Vamos ajudar o planeta...

Alguém aí lembrou da Hora do Planeta, no sábado passado? Vixe...quando pensei que não, já eram umas 10 horas da noite! Acho que deixei a luz da sala acesa durante alguns minutinhos entre as 20:30 e 21:30. A da cozinha também...tinha que fazer o jantar das crianças, né? Mas olha...lá em casa não precisa ter hora marcada pra deixar as luzes apagadas... Isso é rotina, natural...a empregada sabe e as crianças também! Sem falar que, independente da consciência sobre a importância de economizar energia, temos um outro ótimo motivo para fazê-lo: a conta de luz no fim do mês. Quem ainda não aderiu ao escurinho, que tal começar???
bjs

quarta-feira, 24 de março de 2010

Juro, juro, juuuuuro que é ele!!!

Gentem, essa aconteceu em janeiro do ano passado. Fui assistir "Doce Deleite", com o meu amado salve-salve Reynaldo Gianecchini, que dividia a cena com Camila Morgado. Inclusive o negócio já começou errado, porque eu descobri que o Banco Santander patrocinava a peça e dava, tipo, 20% de desconto para funcionários, mas isso só depois que eu comprei o ingresso...Cáspita!
Mas olha: valeu a pena cada centavo pra ver aquela pessoa de malha, coladíssima ao corpitcho malhadérrimo. Inclusive, quando liguei para comprar o ingresso, travei o seguinte diálogo com o vendedor:
- "Moço, eu quero sentar na primeira ou, no máximo, segunda fila. Em que dia eu consigo?"
- "Nesse domingo. Segunda fila, tudo bem? De que lado do palco a Srª quer?"
- "Como assim, de que lado?", questionei, intrigada.
- "Sua resposta seria óbvia se a Srª soubesse que o Gianechinni passa 90% do tempo da peça no lado esquerdo do palco", respondeu o vendedor, de forma cretina.
- "Que máximo. Lado esquerdo, meu filho. Por favor. O mais esquerdo possível."

A peça estava sendo encenada no Teatro Raul Cortês, na sede da Fecomércio. Cheguei cedo, sentei e esperei. E suspirei por, tipo, 1 hora e meia. Lado esquerdo abençoado...ô homem lindo!!! Independente dos comentários perpétuos dos homens-despeitados-com-dor-de-cotovelo-eternamente, que adoram espalhar boatos infundados sobre a opção sexual do Giane (será???), ninguém pode negar que ele passou na fila da beleza umas 348 vezes. Criatura bem apessoada aquela... um primor, um deus grego fugitivo do Olimpo...o que mais posso dizer? Ah...tenho que admitir que o enredo da peça não me despertou amor ou admiração pela arte do teatro. Na cara dura, tenho que confessar que FUI VER O REYNALDO GIANECCHINI DE PERTO...e só. Pronto, falei!

Resolvi esperar após o final da peça pra ver se conseguia tirar uma foto com ele. Acho autógrafo meio inútil, mas uma foto é legal, vai... Eu e mais umas 47 senhoras da 3ª idade, que ocuparam todos os lugares da primeira fila, aguardamos uma meia hora e, de repente, lá vem o moço. Banho tomado, perfumado, penteado, vestindo uma suspeitíssima camiseta de gola V (hummmm...) e com aquele sorriso inoxidável no rosto. Uma lou-cu-ra!!! Esperei ele atender todas as senhoras, olhando de longe, e fotografando tudo...uma hora eu dei um "zoom" na máquina e tirei algumas fotos, mas esqueci de voltá-la ao modo normal. Aí chegou a minha vez...Cheguei perto dele, que me cumprimentou e se aproximou para a foto. Simpaticíssimo!!! Braço em cima do meu ombro, meu braço ao redor da cintura dele...tonturas, vertigens...affff...estiquei o braço na frente do rosto, mirei e "clic". Flash disparado. Tranquilo...

FELICIDADE!!!! "Tirei uma foto de Gianecchini...o pessoal de Recife não vai acreditar..."

Fui a última abençoada da noite. Nem bem me desvencilhei do "Apolo", a produtora puxou o coitado, quase gritando: "vamos, você vai perder o vôo pro Rio...". E lá se foi ele...E eu com a minha preciosa máquina na mão. "Deve ter ficado linda...", pensei. Tanta foi a emoção que demorei uns 34 segundos pra resolver verificar a danada da foto. Misto de surpresa, terror e soluços...olha como ficou a foto:



Fala sério!!! Ninguém merece... Pensei imediatamente que alguém havia me rogado uma praga naquela noite. E não podia ser outra pessoa: meu cônjuge. Um daqueles homens-despeitados-etc-etc, sabe? !@#$%¨&*.

terça-feira, 23 de março de 2010

A hora do fretadão


Gente, faz tempo que não volto do trabalho pra casa no fretado do Banco, graças às minhas duas caronas 5 estrelas, que se revezam pra me deixar luxuosamente na porta de casa. Mas hoje fui privada da mordomia proporcionada pelos meus amigos Rodrigo e Cilmara (ele saiu cedo e ela estava em tensão pré-férias). Fui, então, rumo ao fretado. Antes de sair, soube que a Prefeitura havia proibido nossos ônibus de estacionarem na Av. Chedid Jafet para pegar os funcionários. "Agora lascou tudo", pensei.

Voltei ao computador pra procurar o comunicado sobre o assunto. Dizia que o embarque na volta pra casa, exclusivamente hoje, seria feito no 1º subsolo. Para lá me digiri, inclusive até um pouco mais cedo, já antevendo que isso não seria um simples embarque...Há não sei quantos ônibus saindo da Torre a partir das 16:30 e o pessoal faz fila na calçadinha da Chedid (ao lado da construção do shopping mega luxo), tudo na maior organização. Como seria isso no subsolo???
Confesso que uma onda de emoção tomou conta de mim. E já fui pensando que poderia se tratar de uma epopeia...pequenina, mas digna de registro. E aqui estou eu para contá-la...

Quando cheguei ao local (aparte: o 1º subsolo estava todo sinalizado, indicando o local da saída dos ônibus) já haviam algumas tentativas de fila. Inesperadamente percebi que os primeiros de cada fila seguravam umas plaquinhas, indicando o itinerário do ônibus daquele grupo. Uma fofura, gente! E sabem quem estava organizando o pessoal? O "prefeito" do prédio, em carne e osso..corajoso ele, né? Do jeito que o povo gosta de reclamar de tudo, aquela era a hora de esfolar o coitado...Mas não houve linchamento. Houve murmúrios, sussurros, suspiros, dúvidas..."Essa fila é pra onde???", perguntavam os desavisados que não viram o abre-alas da fila com a plaquinha na mão...E eu, distraída, furei a fila sem querer...quando me dei conta ela estava tão grande...fez um caracol...e eu com cara de paisagem, pensei: "Vai lotar antes que eu entre...p@#$%¨&*..." Fiquei lá mesmo...esperando...

Aí se formou uma fila de ônibus...que trancaram a saída da garagem...aí o pessoal liberou um ônibus e deixou alguns carros saírem...e os ônibus que estavam esperando pra entrar devem ter contribuído um pouquinho para piorar a situação da Marginal...ahahahah...pensa! TREVA... Foi quando eu percebi que além do "prefeito", também estava no subsolo o diretor da área de infraestrutura. Quer mais apoio moral do que esse??? Nesse momento percebi que estávamos todos JUNTOS (tan ran ran tan tan)*, na alegria e na tristeza. Sério...senti a preocupação de todos que estavam ali, totalmente unidos na intenção de amenizar o problema.

Well...meu ônibus chegou. Ele entrou no subsolo e subiu a rampa, pra dar espaço aos que vinham atrás. Quer dizer, tentou subir a rampa....a carroceria ficava ralando no concreto do asfalto...o pessoal da Osastur se acocorava** pra ver se o estrago ia ser grande caso o motorista acelerasse...e nada do ônibus seguir... Entre uma ré e uma tentativa, finalmente o veículo venceu a batalha. Num ímpeto, aplaudi... uma singela, rápida e solitária salva de palmas para o condutor manobrista...acho que não estou mais conseguindo conter as emoções...
Começamos a subir no ônibus até lotá-lo. E 1 hora e 10 minutos depois, estava no aconchego do meu lar.
Amanhã tenho que arrumar uma carona de qq jeito (na ida e na volta). Tudo indica que o fretado vai parar no bolsão da estação Cidade Jardim e eu vou ter que pegar o trem...isso está me lembrando a 1ª epopeia...

Legendas:
* Trilha dos comerciais do Grupo Santander Brasil. JUNTOS é "a" palavra-chave na nova linha de comunicação. Tá passando é muito na TV...Veja aqui: http://www.youtube.com/santanderbrasil
** Acocorar = ficar de cócoras (dialeto pernambuquês? nunca vi ninguém falar isso em SP)
A fotinho lá em cima eu peguei no site da Osastur (www.osastur.com.br), empresa que presta o serviço de fretado pro banco.

terça-feira, 16 de março de 2010

A primeira enchente a gente nunca esquece.


FOTO: Alberto Takaoka/FotoRepórter/AE - Marginal Pinheiros alagada após chuva próximo a ponte Cidade Jardim, em São Paulo. 26/01/2010 (olha a Torre lá no fundo...)

Essa foi uma epopeia e tanto. Aconteceu dia 3 de dezembro do ano passado. Desculpem pela narrativa extensa, mas não tem como ser diferente :-)

"Não tenho como me esquivar de escrever de novo...Uma tarde/noite como a de ontem não pode ser jamais esquecida...Acho que para uma parte das pessoas que estão aqui na Torre, ontem foi a primeira vez que enfrentaram o trânsito caótico de São Paulo na volta pra casa, depois de um toró de grandes proporções...Eu inclusive! O que foi aquela chuva, minha gente???
Uns 200 quilômetros de engarrafamento, eu acho. E justo na nossa primeira semana à beira da Marginal...Que semana movimentada, hein?! Já não bastassem todos os impactos da nossa mudança para a Torre, nesses 5 dias experimentei situações que me fizeram crescer como pessoa e também dar muitas, muitas risadas. Ontem, apesar da TREVA instalada, me diverti muitíssimo com minhas amigas Liliane e Carlinha (de Consignado). Sofremos, não há como negar, mas rimos pra valer...

Desci com Carlinha às 5:10 para pegar o fretado das 5:30. O ponto de espera estava apinhado de gente com seus guarda-chuvas armados (estava chovendo fraco...). Logo soubemos que o fretado das 4:30 ainda não havia chegado e que os demais (via Sumaré, Conceição e Pirituba) estavam em locais incertos e não sabidos. Havia um moço simpático da Osastur tentando, via celular, obter notícias dos ônibus. Depois de alguns minutos, soubemos que os motoristas estavam no engarrafamento (dã! É claro, né?) tentando chegar ao ponto, porém sem sucesso...Incrível a visão: para todo lado que a gente olhava, o trânsito estava completamente parado. Só os motoboys conseguiam se movimentar...e com aquele riso irônico por baixo do capacete, olhando pra gente e se gabando da mobilidade. Ódio!!! Por um momento desejei uma Daphra. Ou uma Mobilete...e um capacete rosa, escrito “Penélope Charmosa”...

Continuamos esperando até que o moço da Osastur nos trouxe a notícia que ninguém queria ouvir. Em outras palavras, ele disse: “É cada um por si e Deus por todos. Não temos previsão de quando os fretados chegarão aqui”.
Bom...o que fazer? Primeiramente pensei em um Jet-ski no rio bonito...era a maneira mais rápida de chegar em casa naquele momento. Ou pedir carona a algum helicóptero...Passados os primeiros instantes de desespero, resolvemos sair andando. O único trajeto não tomado pelos veículos era a Juscelino, sentido Ibirapuera. Incrível...como todos os carros do mundo estavam parados ou na Marginal ou na Bandeirantes (ou em todas as ruas e avenidas que alagaram...), esse lado da Juscelino estava inesperadamente livre, vazio...”É pra lá que vamos”, combinamos. “Um táxi, pelamordedeus...”, era tudo o que pensávamos. Andávamos, andávamos, e nada de táxi. Lá pra depois da Rua João Cachoeira (bem depois...), resolvemos entrar numa rua pra tentar chegar à Av. Santo Amaro. Só aí conseguimos o táxi salvador. O motorista era bipolar....ahahah...ele não parava de falar um só segundo...nem parava pra respirar. No começo a gente engatou um papo, mas depois ficou chato! Enfim, foi mais um detalhe da nossa volta pra casa. O importante é que conseguimos chegar em casa. Às 20:30 as meninas desceram no metrô Santa Cruz e eu segui no táxi pra casa.

Há pouco, depois do café coletivo no 1º andar, descobrimos, eu, Lili e Carlinha, que a nossa história nem de longe foi a mais traumática (ou engraçada) da noite de ontem. Por isso estou lançando uma enquete: “Como você chegou em casa ontem???” Mandem um resumo pra mim. Vou compilar todas as histórias e podemos instituir alguns
troféus:

a) A Chegada Mais Rápida – Quem, por alguma intervenção divina, demorou uns 45 minutos pra chegar em casa.

b) A Chegada Mais Molhada – Quem enfrentou a fúria das águas, dentro ou fora de algum veículo.

c) A Chegada Mais Divertida – Quem riu mais do que sofreu na volta pra casa.

d) A Chegada Mais Demorada – Tipo, alguém só chegou em casa hoje de madrugada? Ahahahahah...espero que não, mas tem troféu pra esse cristão também!

e) A Chegada Que Nunca Chegou – Cadê o Padovani? Acho que esse troféu vai pra ele. Ah, ele acabou de chegar...

Por fim, listei alguns itens/dicas básicas indispensáveis na volta pra casa, em uma noite de TREVA como a de ontem. É sério, são imprescindíveis:

- Procure voltar pra casa com um(a) pessoa querido(a) -> Eu, mais do que ninguém, senti na pele a importância disso ontem. A gente se sente mais seguro, inclusive para tomar decisões importantes.

- Guarda-chuva, sempre -> E por favor, que esteja em bom estado de conservação. Ontem, passou um mocinho pela gente com um guarda-chuva preto que parecia ter sido atingido por um raio. Um mico, gente!

- Mantenha algum “snack” na bolsa para as horas de fome -> Liliane, coitada, deve ter chegado em casa quase desmaiando...

- Leve sempre consigo um saco plástico, tipo aqueles de supermercado, pra proteger a chapinha -> Sério, essa foi a melhor parte da noite. Tipo, impagável! Uma moça toda arrumada, falando ao celular (via fone de ouvido), com a cabeça totalmente protegida por um saco plástico amarelo gema de ovo (ela até arrumou as alças do saco pra dentro e ficou realmente parecendo uma touca). Ela andava e não estava nem aí pro movimento. A gente riu de dar dor na barriga...Não...imagina a cena!

- Rasteirinhas, por favor -> Pelo tanto de quilômetros que a gente andou ontem, se eu tivesse de salto não sei o que seria dos meus pés. Agora sempre as trago na bolsa. Homens não sofrem desse mal...bom pra eles!

- Celular sempre carregado -> Sem celular eu estaria perdida. É bom, inclusive, ter um carregador permanentemente na bolsa.

- Um pouco de dinheiro na carteira -> Para eventualidades. Tipo, comprar um saco plástico pra colocar na cabeça, se a chuva começar de repente...ahahahahah

Um beijo e até a próxima enchente."

domingo, 14 de março de 2010

Torre Santander


Aproveitando o post anterior, aqui vai uma foto da Torre Santander, meu local de trabalho desde 30 de novembro de 2009. É esse prédio enorme, à esquerda...O visual do meu andar (23º) é lindo, na maioria do tempo. Só complica quando chove...
A frente do prédio fica para a Marginal Pinheiros, a lateral esquerda para a Av. Presidente Juscelino Kubitschek e os fundos para a Rua Chedid Jafet.
Essa foto maravilhosa eu achei no flickr, álbum "As cores de São Paulo". Tem fotos incríveis da cidade. Dê uma olhada: http://www.flickr.com/groups/ascoresdesaopaulo/pool.

Minha primeira epopeia...

Escrevi esse texto no dia 4 de dezembro de 2009, logo após chegar ao Banco. Era a primeira semana no novo local de trabalho, a luxuosa e moderna Torre Santander, às margens do Rio Pinheiros, vizinha da Daslu. Vocês acreditam que no dia seguinte ele tinha virado texto anônimo na internet? Luxo e riqueza...É longo, mas vale a pena ler, pra você ter uma ideia do que eu passei. Um beijo.



Acordei no meu novo horário de acordar: 5:20. Céu escuro, friozinho...deixei os lençóis e fui tomar banho.

Por algum motivo obscuro, que ainda vou apurar, demorei demais no banho e isso me fez perder o fretado que sai da Barra Funda às 6:35 e passa no Sumaré às 6:45. Fiquei tranqüila porque ainda tinha o fretado que sai das 6:40 da BF e chega ao Sumaré às 6:50 / 6:55. O bendito ônibus apareceu e passou direto, acreditem se quiser. E acho que eu era a única pessoa do Banco esperando... Com cara de boba, “rosa chiclete”, fiquei pensando o que fazer por alguns minutos. O próximo fretado só passaria às 8 horas. Eram, tipo, 7:15... Resolvi testar a alternativa da Ponte Orca + trem. Com algum medo no coração e muita disposição nas pernas (tudo pra ganhar alguns minutos e não ficar negativa no ponto eletrônico), voltei pro metrô, peguei na direção da Vila Madalena e lá começou o terror...É A TREVA, MINHA GENTE!

Primeiro que eu não sabia pra que lado ir...a sinalização existe, mas pra quem estava tomada pelo medo, confesso que me atrapalhei e fiquei como uma aparvalhada olhando para os lados, procurando uma placa, uma faixa, um cartaz, qualquer coisa que pudesse me indicar pra que lado ir. “Onde fica esse raio de Ponte Orca?”, pensei. E nesse momento fiquei alguns segundos pensando o que seria Ponte Orca: uma ponte com um monte de orcas embaixo? Obviamente não seriam orcas de verdade. Talvez algumas estátuas de orca enfeitando o local, sei lá. De repente vi um cartaz: “Para utilizar a Ponte Orca, retire seu bilhete antes de sair das catracas”. Fui ao local indicado, retirei o bilhete (tem um guichê com um moço que fica arrumando os bilhetes numa bancada...à medida que o pessoa vai pegando, ele vai repondo...Profissão: “Arrumador de Bilhetes da Ponte Orca”) e segui o fluxo. Só pra garantir, perguntei a um transeunte e ele me indicou uma fila enorme de pessoas, que de 20 em 20 pegavam umas vans simpáticas (tem um moço que fica controlando a entrada das pessoas nas vans...Profissão: "Orientador de Filas da Ponte Orca"). A fila anda bem rápido porque são muitas vans...quando a lotação esgota, ela vai embora e chega outra logo em seguida. O trajeto dura exatos 15 minutos. E com a graça de Deus as pessoas guardaram silêncio dentro do veículo....Imagina 20 pessoas conversando ao mesmo tempo sobre assuntos diversos durante 15 minutos, num ambiente com precária circulação de ar...foi assim que a gripe suína virou epidemia. Imagina um cristão espirrando ali dentro...

Bom! Chegamos ao ponto final da Ponte Orca. Peraí...cadê a Ponte? E cadê as orcas? Reais ou estátuas, as orcas não existem. Muito menos ponte. Sinceramente, preciso que alguém me explique porque batizaram esse momento mágico, esse traslado, de Ponte Orca. Desculpem esse adendo, mas não resisti. É bizarro ou não é???

Well...saindo da van, novamente estou eu, aparvalhada, sem saber pra que lado ir. Um transeunte novamente me deu a dica: “A senhora vai reto, entra à direita, sobe a escada, vai até o fim da passarela e chega no trem.” Ah, bom...fácil. E lá vou eu seguindo o fluxo novamente. A subida da escada é surreal...cheiros de esgoto e Rexona vencido se misturam. E quando chega na passarela, reze para que nenhum apressado lhe dê um empurrão mais forte, que fará você cair lá embaixo. A essa altura estava tão aterrorizada que não sei dizer a vocês o que estava embaixo da passarela (um rio? uma avenida? Um lixão?). O movimento me fez apressar o passo (na verdade, quase corri...), até que cheguei à estação Cidade Universitária da CPTM. Nessa hora me dei conta que há um sistema muito bem organizado para manter a Ponte Orca funcionando. Além dos motoristas das vans, do Arrumador de Bilhetes e do Orientador de Filas, tem um moço recolhendo o bilhete que pegamos na Vila Madalena, quando passamos na catraca pra entrar na estação. Na verdade ele fica somente tomando conta de uma caixa de sapato, devidamente encapada com papel de encadernação (aquele marron) e posicionada em cima da catraca. O pessoal passa, deposita o bilhete na caixa e vai embora. E no sentido contrário, ou seja, as pessoas que estão saindo do trem e se digirindo às vans, tem outro moço entregando o dito bilhete. Esse bilhete é o que nos dá direito a usar o metrô e o trem sem precisar pagar nova passagem. Viva o Kassab!

Olha...admirei o sistema da Ponte Orca. Sério. Apesar de tudo...

Retomando, cheguei à plataforma do trem. Visão desoladora. Assim como eu, dezenas e dezenas de pessoas, totalmente assanhadas, suadas e cansadas, se apinhavam à espera do transporte coletivo. Tenho certeza que todo mundo tomou banho antes de sair de casa, mas àquela altura, cadê o sinal das essências utilizadas depois do chuveiro? Meu Dove “rollon “ já era...assim como as gotas de Acqua de Gió que borrifei atrás das orelhas e nos punhos. Queria mais era dar um mergulho naquele rio bonito que passava à minha frente, pra ver se o calor diminuía. Sim, depois de tudo que eu havia passado, aquele rio tava convidativo....

Pela terceira vez, um transeunte me orientou, dessa vez sobre em qual lado eu deveria pegar o trem (seria para a direção Grajaú...do outro lado ia pra Osasco...ou era o contrário??? ). Exatos 12 longos minutos depois, lá vem o dito. Quando ele passou por mim, subiu um bafo...aquele bafo quente indescritível...A TREVA.... Olhei pra dentro do trem..tudo preto...não dava pra ver o outro lado. Pensei: “eu entro nesse trem, nem que eu entre por entre as pernas da galera...”. Eu não ia ficar mais 12 minutos esperando naquele cenário. Quando a porta abriu, umas 3 pessoas desceram e subiram umas 36...37 comigo. Aquela visão das pessoas descabeladas, suadas e cansadas novamente estava lá...só que pior...o desânimo também estava lá...e Rexonas, Doves, Axes e Speed Sticks vencidos. Nossa mãe...mas quem tem culpa??? Abstraí...e percebi que o trem se movimentava a 2Km por hora. Uma tartaruga manca, jogada no rio bonito e se livrando do lixo era mais rápida. Viagem sem fim...O fim dos tempos...Lata de sardinha...Abstraí de novo e vi que num dos cantos próximos de onde eu estava não tinha banco. Acho que foi arrancado pra dar lugar aos corpos de pé...e o chão estava todo molhado...Não me perguntem de que...Talvez o rio bonito tenha invadido o vagão no dia anterior...Mas ontem choveu tanto assim???

Contei os minutos e segundos para chegar na minha estação. Exatos 14 minutos depois, lá estou eu descendo na Vila Olímpia. De novo as escadas, a passarela (sobre a bela e engarrafada Marginal)...Peguei a saída Nações Unidas e me dirigi à Torre. Olhei o relógio: 8:30 em ponto. Se eu tivesse esperado o próximo fretado lá no Sumaré (que sai da BF às 7:40), estaria chegando naquele momento ao ponto final. Ahahahahah...risada irônica pra mim mesma!

Quando senti o ar condicionado do hall de entrada do Banco, pensei: “Deus existe!!!”. E aproveitando que me lembrei de Deus, fiz uma pequena prece naquele momento. Agradeci pelo meu emprego, pelo metrô fofo de cada dia (com escada rolante, sem passarelas ao ar livre e às vezes até com ar condicionado...), pelo fretado maravilhoso que o Banco me disponibiliza (apesar do motorista f!@#$%¨&*) e por tudo o mais que tenho na vida. Rezei também pelas pessoas que todos os dias passam pelo que eu passei hoje. Que elas tenham força e disposição sempre! E também que tenham muito bom humor...afinal, sem bom humor não dá pra seguir em frente, né?

Finalizando, ratifico:

- Não tenho nada contra as profissões aqui citadas. Sou uma cidadã e respeito as pessoas independente do seu ofício. Até porque todos eles têm sua importância. Imagina o que seria dos paulistanos sem o sistema de manutenção da Ponte Orca?

- Ninguém tem culpa de ficar com desodorante vencido. O meu também venceu hoje...

- Fazer ginástica é totalmente desnecessário para quem enfrente metrô + Ponte Orca + trem diariamente. Tenho certeza que perdi 500 calorias hoje de manhã.

- Um afeto especial aos transeuntes que me orientaram nos momentos de dúvida.

E amanhã, acho que vou acordar 20 minutos mais cedo...

sexta-feira, 12 de março de 2010

INAUGURANDO...

Certo dia vivi uma epopeia, que contei a alguns colegas de trabalho em um texto redigido no calor da história...Eles gostaram e começaram a me perguntar quando eu iria escrever de novo. "Por que você não cria um blog?", perguntaram. Aqui estou eu!
Epopeia, ou poesia épica, é a narrativa de um grande acontecimento, lendário ou mitológico. Como a Ilíada e a Odisséia, do poeta grego Homero. Certamente é um exagero chamar de epopeias as minhas historinhas de vida. Mas quer saber? Pra mim são, sim. São histórias intensas, importantes, que me fazem crescer, melhorar como pessoa, progredir enquanto profissional, evoluir como mãe, mulher e cidadã. Um beijo a todos.